Bananicultura brasileira
O Brasil começa a recuperar-se da pior crise econômica de sua história. Em 2017 a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto – PIB brasileiro foi apenas 1%, mas já apresentou indicativos da recuperação econômica e retomada do crescimento. O agronegócio brasileiro é altamente competitivo e é o principal responsável pela atual recuperação econômica do país, ao apresentar uma taxa de crescimento de 13% no último ano.
A produção de alimentos e derivados do agronegócio foi favorecida em 2017, entre outros fatores, pelas condições climáticas e pelo aumento da produtividade. Além de ajudar na composição do PIB, o agronegócio contribui com a recuperação econômica ao ajudar a conter a alta de preço dos alimentos, favorecendo a queda dos juros e possibilitando a retomada do consumo das famílias.
O agronegócio é responsável por cerca de 1/4 do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e responde por quase metade das exportações nacionais, com um impacto socioeconômico, com forte influência no mercado de trabalho, gerando 1 de cada 3 empregos no país. A produção agrícola detém 69,5% de toda a arrecadação, ficando o restante com a pecuária. Entre as atividades agrícolas, a fruticultura colabora com aproximadamente 33 bilhões de reais ao ano, gerados como valor bruto e inseridos na produção agrícola (IBGE, 2016; MAPA/PNDF, 2018).
Para aumentar a competitividade da fruticultura brasileira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento, divulgou em parceria com a iniciativa privada, o lançamento do Plano Nacional para o Desenvolvimento da Fruticultura-PNDF 2018, reforçando a importância do setor na recuperação econômica e aumento de competitividade: A fruticultura brasileira é uma das mais diversificadas do mundo e a área de cultivo com frutas no país supera 2 milhões de hectares, gerando um expressivo resultado em termos de geração de empregos no campo, na agroindústria, ao longo de toda a cadeia produtiva.
O volume total produzido tem se mantido próximo de 44 milhões de toneladas e com um calendário de safra ao longo do ano todo. Além disso, a cadeia produtiva da fruticultura gera mais de 5 milhões de empregos em áreas onde outras atividades de produção de alimentos não seriam viáveis economicamente como, por exemplo, o semiárido brasileiro, atingindo a expressiva marca de 16% de todos os empregos dentro do agronegócio. (MAPA/PNDF – 2018).
De acordo a levantamento da Produção Agrícola Municipal – PAM (2016) realizado pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE (2016) “o valor da produção de frutíferas em 2016, chegou a R$ 33,3 bilhões, atingindo o seu maior valor da série histórica, iniciada em 1974. Em relação a 2015, o valor da produção de frutíferas teve um acréscimo de 26,0%, a maior alta desde 2001, quando a variação anual havia sido de 48,6%”.
Entre as frutíferas pesquisadas, seis frutas concentram 73,2% do valor da produção nacional: laranja (25,1%), banana (25,0%), abacaxi (7,3%), uva (6,4%), maçã (5,0%) e mamão (4,4%). Entre as unidades da federação, Minas Gerais respondeu por (9,0%) do valor nacional das frutíferas, o que representou R$ 3,0 bilhões aproximadamente, com destaque para as culturas da: banana (41,0%), laranja (16,8%) e abacaxi (12,0%).
A banana é a fruta mais popular do planeta, originária do sudeste asiático, é cultivada a cerca de 7 mil anos. De acordo a FAO (2018), existem mais de 1000 variedades cultivadas e comercializadas localmente ao redor do mundo. Apesar da grande diversidade de materiais cultivados atualmente, as bananas mais populares no mercado internacional, são do subgrupo Cavendish, conhecidas popularmente no Brasil, como: nanica, caturra, d’água. Estes materiais conquistaram o mundo inteiro e são particularmente importantes para a segurança alimentar dos países tropicais e subtropicais (ONU, 2018).
A bananicultura ocupa uma área cultivada ao redor de 5 milhões de hectares ao redor do mundo e a produção de bananas em 2016 foi de cerca de 113 milhões de toneladas. O Brasil apresenta uma produção próxima a 7 milhões de toneladas por ano, e, de acordo a FAOSTAT (2016), é o quarto maior produtor mundial de bananas, ficando atrás de Índia, China e Filipinas.
Embora as estatísticas oficiais a respeito do consumo de frutas no Brasil, sejam divergentes, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF do IBGE (2009), em 2002 o consumo per capita de frutas era de 24,49 kg, e em 2008 o consumo médio foi de 28,86 kg por pessoa, sendo que deste total, a banana apresentou um consumo per capita médio de 7,68 kg em 2008, demonstrando ser a fruta de maior importância no agronegócio brasileiro e a preferida entre os consumidores de todas as classes.
As estatísticas sobre o consumo de bananas, principalmente por tratar-se de um produto de grande consumo familiar em muitas regiões de baixa renda do planeta, geralmente são incompletas. Um consumo per capita –estimado- no Brasil, ao assumir a população de 208 milhões de habitantes e índices de 40% do volume produzido, destinados ao processamento agroindustrial e/ou as perdidos na pós-colheita, apontam para um consumo médio anual acima de 30 kg por pessoa.
A banana é a fruta in natura, mais consumida no Brasil e nos EUA. De acordo ao CEPEA (2017), o relatório Fresh Trends, publicado no periódico The Packer – que promove, anualmente, o estudo de consumos e tendências, aponta que entre as 20 frutas mais populares nos Estados Unidos, a banana é atualmente a fruta mais consumida, principalmente em famílias com crianças, sendo que de acordo a pesquisa, 75% das pessoas consomem bananas regularmente.
Enquanto países como as Filipinas apresentam um consumo per capita médio próximo a 60 kg por ano, em muitos países africanos, como Uganda, Ruanda e Camarões, o consumo per capita excede 200 kg de banana (todos os tipos bananas, incluindo os plátanos que são as bananas usadas em frituras e cocção e as bananas consumidas in natura, como as do subgrupo Cavendish). Em alguns destes países, especialmente nas áreas rurais a banana pode fornecer até 25% da ingestão diária de calorias (FAO, 2016).
O comércio internacional de bananas, produzidas com alta tecnologia, é caracterizado principalmente pela distribuição da fruta na Europa, EUA, Japão e China, oriundas de alguns países africanos, asiáticos (Filipinas) e principalmente países da América Latina, como Equador, Colômbia, Costa Rica e Guatemala. De acordo a FAO (2016), a bananicultura de exportação movimentou cerca de US$ 8 bilhões em 2016. Aproximadamente 15% da produção mundial de bananas foi comercializada no mercado internacional. O restante é consumido no mercado interno, em países como a Índia, China, Brasil e nos países africanos, onde a banana é parte importante da dieta.
Segundo o IBGE (2016), o Brasil apresentava 474.944 hectares dedicados a cultura da banana, sendo que em 2016, foram colhidos 469.711 hectares com uma produção de 6.764.324 toneladas e produtividade média de 14,41 toneladas por hectare.
Dados elaborados pelo CGEA/DCEE/SPA/MAPA (2017), tendo como fontes de informação da produção o IBGE/LSPA e de preços, ajustados pela FGV/CEPEA/ESALQ-USP e CONAB, para avaliar o Valor Bruto (R$) da bananicultura brasileira entre 1989-2017, em valores deflacionados pelo índice IGP-DI de março de 2017, da FGV, apresentou um crescimento de 90,9%, demonstrando sua importância na composição do PIB nacional.
A bananicultura brasileira, quando utilizados os critérios de deflação (IGP-DI de março de 2017) apresentou movimentação de Valor Bruto Produção de cerca de R$ 16,6 bilhões em 2017, sendo responsável por 4,44% de participação do PIB agrícola nacional, ocupando o primeiro lugar entre as frutas consideradas de elevada importância econômica e avaliadas pelo IBGE, e entre as 21 principais culturas pesquisadas, é o quinto principal negócio agrícola brasileiro (Fonte: CGEA/DCEE/SPA/MAPA, 2017).
Entre as macrorregiões brasileiras, de acordo ao IBGE (2016) o nordeste apresenta a maior área cultivada, com 181.942 hectares (38% da área nacional de dedicada ao cultivo da bananeira), seguido da região sudeste (30%) e norte (16,7%). Essas três regiões totalizam 75% da área plantada respectivamente. Embora o cultivo da bananeira esteja presente em todo o país, demonstrando sua importância sócio econômica, a produção estadual está fortemente concentrada em dez unidades federativas, sendo que mais da metade (53%) da área cultivada em 2016, está distribuída em cinco Estados: Bahia (15,3%), São Paulo (11,1%), Minas Gerais (9,4%), Pará (8,9%) e Ceará (8,2%) respectivamente. Os Estados de Pernambuco (8,15%), Santa Catarina (6,2%), Espirito Santo (4,95%), Rio de Janeiro (4,36%) e Goiás (2,86%), completam a lista das unidades federativas, totalizando 76% das áreas cultivadas (IBGE-PAM, 2016).
De acordo ao LSPA do IBGE (2016), 58 % dos 5570 municípios brasileiros possuem alguma produção ou cultivo de bananeira, Essa pulverização e distribuição do cultivo em território brasileiro estão evidencia o quão democrática é a cultura da bananeira e importante para a segurança alimentar nacional. Ademais dos dados do IBGE, a bananicultura que faz uso de média a alta tecnologia conta com importante apoio do CEPEA/USP no levantamento de informações comerciais e produtivas do Brasil. Embora as estatísticas de produção divulgadas pelo CEPEA não representem a área total cultivada em cada região, são coletadas informações de importantes polos de produção de bananas no Brasil como: Vale do Ribeira – Registro-SP (25 mil hectares), Norte de Minas Gerais (12900 hectares), Delfinópolis-MG (1850-2700 hectares), Norte de Santa Catarina (22270 hectares), Bom Jesus da Lapa – BA (9200 hectares), outros Perímetros irrigados da Bahia (2515 hectares), Rio Grande do Norte e Ceará (2000 hectares) e Vale do São Francisco (Juazeiro-BA e Petrolina-PE (3750 hectares). (CEPEA, 2018).
A área de produção de bananas utilizando irrigação e ou sistemas de média e alta tecnologia, no norte de Minas, de acordo ao CEPEA (2018) é de 12.900 hectares, e corresponde somente a uma parte da área regional. Regularmente essas áreas mais tecnificadas, constituem objeto de análise de mercado divulgada pelo CEPEA/USP, através do Boletim Hortifruti. As informações de mercado das áreas monitoradas pelo CEPEA/USP em todo o Brasil.
Entidades como a ABANORTE (MG), ASBANCO (SC), ABAVAR (SP) e FRUTAS OESTE (BA) são importantes agentes na produção e distribuição de informações comerciais em seus respectivos estados e até na construção de cenários e análises setoriais em toda a cadeia da bananicultura. Alguns estados, como Minas Gerais, possuem diferentes polos de média e alta tecnologia na produção de bananas com grandes investimentos na adoção de sistemas de irrigação localizada e em infraestrutura para a produção, colheita e pós-colheita da fruta. Segundo o CEPEA (2018) dois importantes polos de bananicultura irrigada em Minas Gerais, estão no norte de Minas (12.900 hectares) e em Delfinópolis (2.500 hectares), no sul do estado. Regularmente essas áreas mais tecnificadas, constituem objeto de análises de mercado que são divulgadas pelo CEPEA/USP, através do Boletim Hortifruti. No norte de Minas, geralmente são coletadas na Abanorte (Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas), na Frucon, ou com profissionais do setor, distribuídos em 34 municípios e correspondem a 16%, dos 80.300 hectares (em aproximadamente 50 municípios) monitorados pelo CEPEA em pelo menos oito polos de produção de bananas no Brasil.
Para informações mais detalhadas sobre a bananicultura no Brasil, veja o mapa detalhado da cultura:
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